Tecidos

Hoje resolvi mostrar alguns dos tecidos que tenho em stock .

Quase todos têm uma história, alguns são super antigos.

Mas antes de os mostrar, gostaria de aqui deixar um desabafo.

Todos sabemos que desde que o pronto a vestir se instalou definitivamente na nossa sociedade , e isto aconteceu nos anos 70, as retrosarias entraram em declínio. São poucas as que sobreviveram e todos os dias fecha mais uma.

Esta moda recente do artesanato urbano, tem de fazer reviver as retrosarias. São escassos os tecidos que se encontram à venda e se procurarmos tecidos 100% algodão pior ainda.
Isto faz, com que as novas artesãs procurem nas lojas online estes materiais.
É pena!

Nós portugueses tínhamos uma das maiores e melhores industrias têxteis do Mundo, neste momento pouco resta desse tempo áureo.

Sei, que quem tem por hobbie trabalhar com tecidos, tem normalmente outra ocupação e não tem muito tempo para "calcorrear" as cidades à procura de material. Daí que as lojas online sejam uma saída. Estão a uma distância de um click e têm cores e padrões fantásticos.
Contudo, penso que seria nossa obrigação continuar a dirigir-nos às retrosarias manifestar os nossos interesses e incentivar, os poucos comerciantes que existem, a procurar no mercado nacional novos materiais.

Temos designers no desemprego que de certeza têm talento para criar tecidos fantásticos, e acredito que ainda nos restem fábricas capazes de os fabricar.

Temos obrigação de reavivar uma indústria onde já fomos os melhores.


Agora que já desabafei passemos aos tecidos que tenho.



O tecido da esquerda, é umas das relíquias que guardo com carinho e que tento usar com algum critério. É um algodão e tem seguramente mais de 50 anos, a minha mãe, fez dele um robe e uma camisa de dormir e claro, guardou o que sobrou.

O da direita é recente e foi comprado numa das muitas retrosarias que fecharam no último ano.



Estes com as libéulas estilizadas, foram os tecidos que escolhi para fazer a decoração do meu quarto quando me casei, isto no ano de 1981, ainda falta um com o mesmo padrão mas tamanho diferente.

Foi nesta altura que começaram a surgir os tecidos coordenados para decoração, fez um sucesso.
Foi comprado numa loja no Chiado, a Unika que era o último grito da moda em artigos para decoração.
Na altura não havia melhor e custaram uma "pipa" de massa.



Todos estes são recentes, o 1º da esquerda é um retalho e foi-me oferecido, o 2º é uma das muitas chitas de Alcobaça que felizmente continuam a ser fabricadas, embora com uma qualidade inferior às genuínas.




Estes em tons de roxo e lilás são bem antigos, também, vieram de casa da minha mãe.

O lilás das bolinhas, é um opal suíço, que a minha mãe usou para fazer umas camisinhas para os meus filhos.
Quando eles nasceram já não se usava esse tipo de camisas, mas eu quis que a minha mãe fizesse, tal como antes já havia feito para mim, quando eu nasci.
O de Xadrez sobrou de uma saia que eu fiz quando tinha 13 anos, nessa altura, andava a tentar copiar a minha amiga Isabel que sempre adorou costurar.




Estas bolinhas ainda vão aparecendo nas retrosarias e são 100% algodão. O da direita é piquet.



Estes são todos recentes.
O das bolas é um tecido da Agatha Ruiz de La Prada, e foi comprado em Faro.




Estes coordenados, foram usados para forrar o fundo de umas molduras, que usei na decoração de uma montra. Não me lembro há quantos anos foi, mas têm pelo menos 15 anos.
Têm estado guardados à espera de novas utilizações.

Tenho muitos mais, mas mostro-os de uma próxima vez.

E não se esqueçam de pedir aos nossos comerciantes, sobreviventes, que encomendem novos tecidos e novos padrões às nossas fábricas.