domingo, 15 de novembro de 2009

Memórias de infância

Sempre tive paixão por objectos com história e quando esses objectos fazem parte da minha história a sua preservação impõem-se.

Há tempos mostrei-vos objectos de escrita, hoje trago-vos algumas peças que fazem parte das minhas lembranças de criança.



Esta é a peça mais antiga.



Esta a mais recente, será que alguém as reconhece e conhece a sua função?



Estes objectos pertenceram à minha avó e posteriormente à minha mãe. Com eles a minha avó contribuiu para o orçamento familiar.



Com esta foto será mais fácil perceberem do que estou a falar.




Estes, eram os objectos que a minha avó usava para apanhar as malhas nas meias de vidro.

As meias de vidro foram apresentadas pela 1ª vez na Feira Mundial de Nova Iorque a 27 de Outubro de 1938, até então as Senhoras usavam meias de lã, algodão e seda estas últimas muitíssimo caras, a nova fibra sintética o nylon veio revolucionar esta peça de vestuário, as meias eram muito mais baratas mais finas.

Apesar de serem muito mais baratas que as de seda estas ainda não estavam acessíveis a todas, além disso durante a Segunda Guerra Mundial a utilização do nylon nos pára-quedas, nas tendas e nos fatos quase fez parar a produção das meias , estas tornaram-se num bem escasso e impunha-se o arranjo e a recuperação das mesmas.

Qualquer unha ou prego de sapato era o suficiente para fazer correr uma malha na meia e esta tornava-se inestética.


Surgiu então uma nova profissão as Apanhadeiras de Malhas de Meia.

Lembro-me muito bem de ver a minha avó e mãe a apanharem as malhas nas meias. A meia era enfiada no copo e esticada a barbela da agulha num movimento de vai vem tecia novamente a fibra , no final da malha apanhada, rematava-se com um fio do mesmo ton.



A estas agulhas podia adicionar-se um motor eléctrico que facilitava a apanha das malhas, na minha casa nunca houve esse motor, era caro e nunca houve hipótese de adquiri-lo.

Graças a esta profissão a minha avó podia estar em casa, cuidar dos três filhos e conhecer meia cidade. Muitas eram as Senhoras que se dirigiam a sua casa para ela lhes restaurar as meias.Apesar de ter tido pouca instrução era uma pessoa culta e informada, lia bastante e era perfeita no trato e na linguagem daí que as Senhoras fossem elas mesmas à sua presença para aproveitar dois dedos de conversa, enquanto as meias eram recuperadas ao invés de mandarem as empregadas.
Fez grandes amizades e clientela nunca lhe faltou.

Hoje seria impensável alguém ter esta profissão, o custo das meias não justifica o arranjo e duvid0 que ainda haja muita gente que o saiba fazer. A minha tia Teresa sabe e tem o material necessário, mas não o faz, devia pedir-lhe que me ensinasse era giro saber fazê-lo.

6 comentários:

  1. Sempre a aprender! Nunca tinha ouvido falar de tal profissão! Muito interessante!

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  2. Olá, sabes a minha mãe tb era apanhadora de malhas em meias de vidro e a maquineta dela é igual a essa mas em azul, outros tempos q já passaram e é bom q já n voltem mais, tudo tem a sua altura. Bom gosto muito do blog, tens uns trabalhos muito bonitos...eu vou passando...bjks.

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  3. Eu gostava de comprar uma máquina dessas para apanhar as malhas das minhas meias
    Onde poderei encontrar uma?

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  4. Ninguém me quer vender uma máquina dessas?

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  5. Foi com apenas 10 anos e uns meses que apredi a apanhar malhas nas meias de vidro como lhes chamavam primeiro manualmente depois com a eletrica e gustava muito ganhava uns trucados , so nao gustava quando me traziam meias a cheirar a xule.

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  6. Era de alguém que ainda trabalhasse nesta arte que eu precisava. Tenho umas meias que gosto muito delas e um fio puxado e um buraquinho com malhas caídas.

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