sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O meu Carnaval


Já que estamos a festejar o Carnaval resolvi ir ao baú e recuperar as fotos dos meus trajes de Carnaval de criança.
Os meu fatos eram costurados pela minha tia avó Cândida que foi a minha Ama e Educadora de Infância numa época em que não havia infantários. Foi esta minha tia que costurou todas as minhas roupas de criança, desde do berço até à sua morte tinha eu 9 anos.

Este 1º fato é um traje de montanheira algarvia, tinha colotes, saiote, a saia era vermelha com fitas de seda de várias cores e o lenço que ainda tenho, era azul escuro com flores vermelho e laranja, a camisa e avental de fundo branco com bolas em tons de laranja amarelo e vermelho. Tinha nesta foto 15 meses e umas bochechas enormes, por baixo da camisa uma blusa de malha pois o frio em Fevereiro aperta mesmo no Algarve.
No cesto as doces laranjas Algarvias.



Em 1965, com 4anos e meio foi a vez de me mascarar de Sopeira.

O vestido era de cetim preto com punhos de organza debruados a renda branca o avental e o acessório da cabeça (cujo nome desconheço) também era em organza debruado a renda branca. Na mão levava a salva de prata que tinha servido de suporte às alianças no dia de casamento dos meus pais, com um cartão de visita.

Nesta época as famílias endinheiradas tinham várias empregadas uma delas a mais "polida" quero dizer, a que melhor falava e tinha melhor figura fazia as vezes de mordomo. Quando tocavam à porta elas iam abrir e o visitante fazia-se anunciar através de um cartão que mencionava o seu nome e profissão/cargo. Esta era a farda dessas sopeiras/mordomos.

Foram pelo menos 3 as crianças que se mascararam com este fato em anos posteriores.


Em 1967 chegou a vez da Sevilhana, aqui com 6 anos e com a falta de um dente.

O vestido era azul com bolas brancas os acessórios, Xaile de seda azul com flores de várias cores bordadas , Castanholas,Pulseiras e Penetas foram trazidos de Espanha por uns amigos, só não tinha os sapatos de sevilhana pois não encontraram o meu nº.
O vestido era até aos pés e tinha uma cauda que eu adorei rodopiar.

Também este fato foi usado por várias crianças a última delas uma criança de Setúbal que nunca conheci ( filha de uma amiga de uma prima minha) cuja mãe não devolveu o vestido. Durante anos a minha mãe lamentou o sucedido.
Sinto imensa vaidade deste fato isto porque em 1967 era uma novidade, hoje é um dos mais comuns.

Bom Carnaval a todos os que por aqui passam. Divirtam-se!



O texto que se segue foi-me enviado do Brasil pela Teresa a fim de esclarecer algumas dúvidas que tinha. Obrigada Teresa.

As "sopeiras" de que fala eram as chamadas "criadas de fora", tinham melhor apresentação, muitas já sabiam ler e não trabalhavam na cozinha; a salva tinha o nome de "bilheteira" era onde se colocava o cartão de visita ou o correio, tinha três pézinhos que funcionavam como base de apoio nos móveis; quanto à bandollette, que normalmente tinha um folhinho igual ao avental e aos punhos, era chamada de "crista". O tal folhinho dizia-se "rouge".

3 comentários:

  1. Sempre que por cá passo, aprendo!
    Os fatos são cheios de pormenores.
    Excelentes!
    E a modelo estava sempre bem nas fotografias.
    :)

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  2. Fantástico Ana! Lindos os fatos e linda a modelo! E aprendi muito sobre o meu dia de anos...
    Beijos grandes grandes da serra da Lousã!
    Laura

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  3. Oi Ana, amei os fatos.... nada comparado ao que compramos nas lojas do chinês... bjs Rose

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